![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgerCluyq44EhuKEqaAc9-_ITR6nNaSbRy5ptNPLpnX7LDWnT1fE7sQ8HmcTRLApyi0-prTUoLcTlJ-S5r3b1uwCLzQEXkI24UaQqgP-nvZgXR8QAyDCoC71rltd0AlEQIqRSgTpepOQnCq/s320/imagem.jpg)
A história tem início em 1890, ano em que nasce Afonso da Silva Brandão.
Os pais de Afonso, Rafael e Mariana, já tinham cinco filhos, mas em 1889, morre António, o filho do meio, e a dor instala-se no lar. Certa noite, Rafael sonha que Deus aparece e lhe diz que lhe destinou cinco filhos e que por isso, se um morrera, tinha de vir outro. Foi assim que, no ano seguinte, Afonso nasceu. Era um rapaz inteligente, de uma cidade do Ribatejo português, Rio Maior. Por essa altura, tinha sido construída uma escola na cidade e foi lá que Afonso aprendeu a ler, escrever e fazer contas. Em 1900 deixou a escola e foi trabalhar para a serração, mas como não tinha jeito acabou por ir trabalhar para a Casa Pereira, cuja proprietária era Dona Isilda, uma viúva que tinha uma filha. Carolina, assim se chamava a menina, foi a primeira paixão da sua vida. D. Isilda, ao perceber a aproximação entre os dois e conhecendo bem a filha, que era arisca, mandou Afonso para Braga, estudar para ser padre. Afonso era um dos melhores alunos e mantinha grandes conversas filosóficas com os padres que o ensinavam, mas em 1906, agora com dezasseis anos, voltou para Rio Maior, pois o Reitor do seminário achou que ele não tinha vocação. Ao chegar à cidade natal, Afonso procurou Dona Isilda para que esta o deixasse trabalhar na loja, mas ela disse que estava com alguns prejuízos e não o podia readmitir. Temendo nova aproximação da filha e do rapaz, a viúva contratou explicadores para que Afonso passasse nos exames de admição para a Escola do Exército e lá foi ele em 1907 para o curso de Infantaria.
*
Um pouco longe de Portugal, em França, mais propriamente em Lille, em 1891, nasce uma menina chamada Agnès. Era filha de burgueses de origem flamenga, Paul e Michelle Chevallier, proprietários de uma loja de vinhos. A pequena sonhava ser enfermeira como a sua heroína Florence Nightingale. Tinha os cabelos claros e encaracolados e os olhos de um verde-vivo e intenso. A memória mais viva e mágica que guardou da sua infância foi a visita à Exposição Universal de 1900, em Paris, onde ficou maravilhada com as novas tecnologias. A certa altura da vida, Agnès começou a interessar-se pela arte do vinho devido a uma explicação que o pai lhe dera e que ela nunca entendeu, quando lhe perguntou porque é que ele gostava tanto de vinho. Tornou-se uma verdadeira expert. Em 1911, foi para Paris, estudar medicina, onde conheceu Serge, o seu primeiro marido.
*
Em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial, Serge alistou-se para combater pela França e após três meses de casamento Agnès ficou viúva. Suspendeu o curso e pensou em ir trabalhar mas foi acolhida pelo barão Redier, também ele viúvo. Em 1916 casaram pelo Registo Civil.
Nesse mesmo ano, Afonso, agora capitão, foi para a guerra ajudar os aliados. Os portugueses estavam desmotivados, o que dificultou a participação de Portugal na guerra. O oficial comandava uma companhia da Brigada do Minho e estava havia apenas dois meses nas trincheiras da Flandres quando, durante o período de descanso, decidiu ir pernoitar a um castelo perto de Armentières. Conheceu aí uma deslumbrante baronesa e entre eles nasceu uma atracção irresistível. Ela era Agnès. Depois que Afonso voltou para a linha da frente, começaram a encontrar-se fora do castelo Redier, até ao dia em que o marido dela descobriu e foi buscá-la. Ainda assim, ela voltou e separou-se do barão. O capitão e a ex-baronesa fizeram planos de casamento e vida em comum. Os problemas surgiram quando Afonso estava prestes a sair da guerra, no dia 9 de Abril de 1918. O Alto Comando Alemão, reunido em segredo em Mons, decidiu que chegara a hora de lançar a grande ofensiva para derrotar os aliados e ganhar a guerra e escolheu o vale do Lys como palco do ataque final. À sua espera, ignorando o terrível cataclismo prestes a desabar sobre si, encontrava-se o Corpo Expedicionário Português. Os portugueses tentaram resistir mas a maioria foi feita prisioneira. O capitão Afonso Brandão era um deles.
Por esta altura, Agnès estava grávida e deu à luz em Outubro de 1918, enquanto Afonso deseperava preso na Alemanha sem notícias da filha e da amada.
Quando, finalmente, voltou para Rio Maior ficou a saber que Agnès e a criança haviam morrido. Em 1920, casou com Carolina. Anos mais tarde, em 1928, após a morte da sogra, o capitão descobriu a carta de Paul Chevallier e ao lê-la viu que afinal a filha estava viva e que Dona Isilda lhe tinha mentido. Partiu para Lille para ir buscar Marianne. Depois de contar tudo o que lhe havia sucedido, Afonso pôde, enfim, abraçar a filha perdida, fruto do único e verdadeiro amor da sua vida.
OPINIÃO (minha claro!):
A Filha do Capitão é um livro fascinante. Ao contar uma linda história de amor que resistiu durante a guerra, leva-nos para um mundo à parte. Faz-nos reviver todos os momentos em geral e cada um em particular. Atira-nos para a linha da frente da Primeira Guerra Mundial, na Flandres, no sector português e leva-nos a imaginar que somos um desses soldados que tão bravamente combateram contra os alemães. Suscita a curiosidade de saber mais e mais e só paramos quando já não restam palavras neste livro comovente e ao mesmo tempo chocante. Leva-nos a viver uma guerra da qual muitos apenas ouviram falar. Dá-nos a noção dos sentimentos vividos naquela altura e principalmente ensina-nos a ver o mundo de uma maneira bem diferente. Muitos soldados viram morrer camaradas, viram outros feridos e tiveram de os deixar para trás e passaram por situações inimaginavéis para alguém que nunca passou por tal coisa. Desde a pouca higiene até à falta de condições para dormir, os heróis portugueses passaram por tantas e tantas outras precaridades até poderem finalmente voltar para suas casas.
Um livro não aconselhável a pessoas muito sensíveis pelo tipo de situações retratadas mas excelente para quem quiser aproximar-se e perceber melhor uma das passagens mais sangrentas e tristes da nossa história.
Adorei lê-lo e voltaria a fazê-lo com o maior gosto. Principalmente, porque no meio de tanta guerra conhcemos um romance cheio de alegria, amizade e força de vontade entre um oficial português e uma francesa. É diferente de todas as histórias de ‘e viveram felizes para sempre’ relatada por um grande escritor português.
A Filha do Capitão é um livro fascinante. Ao contar uma linda história de amor que resistiu durante a guerra, leva-nos para um mundo à parte. Faz-nos reviver todos os momentos em geral e cada um em particular. Atira-nos para a linha da frente da Primeira Guerra Mundial, na Flandres, no sector português e leva-nos a imaginar que somos um desses soldados que tão bravamente combateram contra os alemães. Suscita a curiosidade de saber mais e mais e só paramos quando já não restam palavras neste livro comovente e ao mesmo tempo chocante. Leva-nos a viver uma guerra da qual muitos apenas ouviram falar. Dá-nos a noção dos sentimentos vividos naquela altura e principalmente ensina-nos a ver o mundo de uma maneira bem diferente. Muitos soldados viram morrer camaradas, viram outros feridos e tiveram de os deixar para trás e passaram por situações inimaginavéis para alguém que nunca passou por tal coisa. Desde a pouca higiene até à falta de condições para dormir, os heróis portugueses passaram por tantas e tantas outras precaridades até poderem finalmente voltar para suas casas.
Um livro não aconselhável a pessoas muito sensíveis pelo tipo de situações retratadas mas excelente para quem quiser aproximar-se e perceber melhor uma das passagens mais sangrentas e tristes da nossa história.
Adorei lê-lo e voltaria a fazê-lo com o maior gosto. Principalmente, porque no meio de tanta guerra conhcemos um romance cheio de alegria, amizade e força de vontade entre um oficial português e uma francesa. É diferente de todas as histórias de ‘e viveram felizes para sempre’ relatada por um grande escritor português.
Sem comentários:
Enviar um comentário